domingo, 18 de abril de 2010


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Eu escrevo sobre o que não vivi
sobre o que não tive
Porque o que eu tive não precisa ser passado a limpo, não precisa ser relido.
Me fascina a possibilidade de viver um outro caminho
através de um papel e um lápis,
de ser agente duplo, tripo, quádruplo;
ter quantas vidas eu quiser:
morrer e nascer,
correr, amar, criar e todos os verbos que minha imaginação permitir.
Até que minha própria vida se confunda nesse mar de conclusões.
Nas minhas fantasias sou tratada como deusa, viro estrela do Rock, saio de casa as três da manhã e volto só depois de quatro dias, tomo banho de chuva e não fico doente, tenho o homem que amo constatemente e sonho de sonhar.
As vezes eu viro a fantasia, e brinco de ser Marilyn Monroe,
cato corações na rua e trato homens como lixo.
Brinco de finais diferentes pro final e as vezes invento continuações, parte um, parte dois, parte três.
Vivo vidas passadas e futuras estando no presente.
Escrevo porque verbalizar é pra quem se prende a realidade.
Escrever porque não canso de escrever sobre escrever.
Escrevo porque vivo, porque sinto,
porque amo o que tive, tenho e terei.

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sábado, 17 de abril de 2010


Pra mim, a melhor definição sobre amor, que eu já vi por ai, foi dada por Chico Buarque em seu livro "Budapeste", quando a húngara diz ao brasileiro e personagem principal - cujos nomes não me recordo- "castiga-me infinitamente".
Amar na agonia, na loucura, não é amor, é prova; Mas agonia é um preço baixo a se pagar, liberte-se de pudores, porque existem pessoas que passam a vida inteira em busca de um pouco dessa loucura. E quando menos se espera, os ventos mudam, e você finalmente pode aproveitar a calmaria de um amor. Você finalmente, pode passar os dias sem se preocupar com o que ele faz, com quem está, sem ficar o tempo inteiro esperando um "eu te amo", sem achar que isso é um prêmio por aturar os seus erros, não vai mais precisar ler sinais, estatísticas, nem ter curso superior pra entender o que se passa pela cabeça do outro(a).
Amor dá trabalho.
Hoje mesmo, alguém me disse "cuide do que é seu e isso vai durar pra sempre", na hora a gente tava falando de coisas completamente diferentes, mas quando parei pra pensar, vi que essa é a mais pura verdade e que infelizmente é inversamente proporcional ao seu amor. Porque no amor a gente tem que se doar sem esperar entrega mútua. E não pense que isso é injusto, porque não é..
Porque nossa vida inteira se baseia nisso, porque quando você fecha um contrato, você não deve esperar que seu chefe lhe dê palminhas nas costas e coloque sua foto na parede como funcionário do mês, quando a gente ajuda um irmão no dever de casa, a gente não deve se chatear se por acaso ele esquecer de dizer obrigado. Amar é isso. É se comprometer sem necessariamente ficar o tempo inteiro esperando algo em troca.
Mas não tenha vergonha de cuidar do que é seu, não tenha vergonha de dar o seu melhor e por acaso um dia olhar pra trás e ver uma traição da parte dele(a), perceber as inúmeras vezes que ele já te machucou só em dizer certas coisas ou porque ele esqueceu de trazer o vinho que você pediu pro jantar. Quando a gente faz qualquer coisa na vida, e a gente não dá nosso melhor, então a gente não fez nada.
A calma de um amor é..
é.
é!
Só que as pessoas esquecem de nos avisar que isso requer esforço de ambas as partes; comprometa-se e tenha certeza de que o outro(a) também está disposto a isso.

Castigue-se.

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terça-feira, 13 de abril de 2010


Nesses longos e intermináveis dias que estão se arrastando, eu "descobri" uma escritora que, agora, se transformou no meu novo vício. No post anterior eu até coloquei um texto de autoria dela, enfim, é a Martha Medeiros. Claro que eu já tinha ouvido falar nela, mas eu nunca tinha parado pra ler ela, de fato. Agora eu passo, o dia inteiro lendo as coisas dela e fico me perguntando que diabos eu tava lendo antes que não poderia ter lido logo os seus textos. Ela escreve crônicas - meu gênero literário predileto- incrivelmente bem feitas. Eu acho que nos dois anos que eu tenho esse blog é a primeira vez que eu posto falando sobre algum escritor que eu tenha gostado muito, coisa e tal. Então, quem puder, POR FAVOR, leia Martha Medeiros, porque ela escreve com uma simplicidade e ao mesmo tempo com uma profundidade que é impressionante. Aliás, amanhã eu vou até sair atrás de um livro dela intitulado "Doidas e Santas", e espero realmente encontrar. Pra vocês agora, um trecho de um texto que eu gostei muito, ela se baseou numa frase pra escrever ele:

"Nenhuma pessoa é lugar de repouso (Duclós)"

Ainda dói trocar o romantismo pelo ceticismo, ainda guardamos resquícios dos contos de fada. Mesmo a vida lá fora flertando descaradamente conosco, nos seduzindo com propostas tipo "leve dois, pague um", também nos parece tentadora a idéia de contrariar o verso de Duclós e encontrar alguém que acalme nossa histeria e nos faça interromper as buscas.
(...) Não é pela ansiedade que se mede a grandeza de um sentimento. Sentar, ambos, de frente pra lua, havendo lua, ou de frente pra chuva, havendo chuva, e juntos fazerem um brinde com as taças, contenham elas vinho ou café, a isso chama-se trégua. Uma relação calma entre duas pessoas que sem se preocuparem em ser modernos ou eternos, fizeram um do outro seu lugar de repouso. Preguiça de voltar a ativa? Muitas vezes, é. Mas também, vá saber, pode ser amor.


Livro:



Eu poderia até comentar bastante sobre o texto, mas acho que ele já foi bem claro.
Vai saber,
sempre pode ser amor.

:)

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quarta-feira, 7 de abril de 2010


Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.

Martha Medeiros

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