1,2,3,4,5,6,7 e ponto final.

segunda-feira, 28 de abril de 2008


Sabe o desejo ?
Quando você está parado em um lugar e não sabe porquê, mas há uma força invisível que o impede de se mover, de gritar, de chorar, de rir, de pegar as coisas, sair correndo e bater a porta.

Andamos meio distraídos por ai, entrando em caminhos errados, é amigo, a vida não é fácil.
Eu, por exemplo, só aprendo se for experimentando, mesmo se eu já souber a resposta do final, pois toda regra tem sua exceção, um dia quem sabe a exceção não seria comigo ?
Ah. então o único jeito é eu continuar esperimentando. Mesmo que seja o mesmo, só que dessa vez tão frio, tão calculado. Não existe nada melhor do que o sabor de um amor que não floresce mais, não vive mais, não sente mais, que fica ali guardado, até que enfim é descoberto como morto, verdadeiramente. E quando você o descobre assim, já tão frio e sem vida, calado, não vou te mentir, você se sente aliviado por ter tirado esse peso de 1 tonelada dos seus ombros. Afinal, ninguém ama o perdido. Nem ama em absoluto.
E você passeia pela rua e rir com vontade de qualquer piadinha que um estranho qualquer faça, e você beija outras bocas e sente a ridículo liberdade de ser dona da própria boca, e você passa e mexem contigo, até que então algum dia pode ser que surja novamente um outro amor. Tão puro quanto esse que se foi, mas não mais misturado no egoísmo, nos pecados dos erros passados.
E não se envergonhe amigo, se você acha que um belo dia vai chegar alguém e bater na porta da sua casa dizendo: 'Oi, eu sou o amor, cheguei!', você está muito enganado..
ele não espera ninguém, as vezes ele passa (ou você deixa passar) e você nem percebe; mas o que te alimenta ainda é a esperança de que um dia ele apareça. Mas antes, siga meu conselho: faça por merecer.
NINGUÉM nunca vai conseguir o amor mais puro, mais digno de elogios e suspiros sem já ter sofrido. Sofrimento é inevitável, se disponha a ele. Se entregue a ele, porque sofrer também é uma forma de amar. É amar na essência dos que desejam.
São gestos, palavras, frases, atitudes sempre repetidas, a única coisa que muda são os protagonistas e a importância que eles têm..mas ei, preste atenção! Não julgue um amor mais forte que o passado, já que a única diferença é que você aprendeu com seus erros (ou deveria) e terá cuidado para não repetí-los, numa próxima vez você sempre se julgará mais esperto, ai vem o destino e te coloca no seu lugar, não é você que controla o amor, é ele que te controla.
Ahh. Meu amigo, não vou te mentir. Que esse tempo todo eu quis o perigo e até sangrei por isso, mas trago em mim a ingenuidade de um amor novo, com suas alegrias e gestos repetidos, e do amor passado eu fiz que já deveria ter feito, o guardei em um lugar protegido de qualquer vento que o traga de volta, já que meu coração não quer mais chorar pelos mesmos erros ultrapassados. O passado entreguei ao passado.
Mas ainda espero, que venham novos erros a serem consertados, novas frases, olhares e sentimentos.

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A gota

sexta-feira, 4 de abril de 2008


Lá vem a gotinha tão pequenina caindo do céu. Ela não gosta quando a acordam no susto de um trovão. É a sirene avisando que tá na hora do seu trabalho.
- Bum! Bum! Bum! - avisa o trovão.
E lá vai ela, põe seu pára-quedas e sai de sua casa feita de algodão, sabor doce.
Ela olha pro céu e pensa: - Hum, quintal cinza não é bom sinal. Hoje vai ser um longo dia de trabalho.
Então começa a sua jornada.
Os primeiros 50 metros são estáveis e ela fica aproveitando a vista privilegiada que tem lá de cima. Mas quando vai se aproximando começam as turbulências, o vento carregando, outros pingos caindo rápido demais, e ela só deseja não cair em uma poça que nem a vez passada, onde ela foi diminuída de seu cargo, pisada, pisada, jogada, jogada. Os homens são cruéis com as gotas.
Vem chegando cada vez mais perto e avista vários carros. É a Avenida Paulista em mais um dos seus engarrafamentos, km e km de homens dentro de um pacote feito de ferro.
- Para se protegerem de mim ? Mas que mal eu posso fazer ? Eu sou só uma gota e quando eu encosto na pele eu alivio a consciência, molho, mas também faço secar. - pensa a gotinha, magoada por ser destratada.
-ALI! - avisa o vento.
E lá vai a gotinha cair na janela de um carro, ela olha para dentro, há uma criança, ela sorrir. A criança põe o dedo no vidro e faz cosquinha na gota e ela dá uma gargalhada e a criança também sorrir.
- Vou passar de você, vou passar de você - avisa uma outra gota vindo rápido na sua direção. A gotinha então corre, corre muito e logo ultrapassa a outra gota e como prêmio ganha o sorriso da criança. Ainda há humanos que gostam de gotas.
Troveja de novo, fim de espediente. Ela coloca o sorriso no bolso e volta para casa. Sabor, doce.

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Quando essa história se inicia já se passaram 500 anos, tal a lenditão que ela é narrada. Estão sentadas a beira de uma estrada três tartarugas jovens, com 800 anos cada uma, uma tartaruga velha com 1200 anos e uma tartaruga bem pequenininha ainda, com apenas 85 anos. As cinco tartarugas estão sentadas, dizia eu. E dizia-o muito bem, pois elas estão sentadas mesmo. Vinte e oito anos depois do começo dessa história a tartaruga mais velha abriu a boca e disse:
- Que tal se fizêssemos alguma coisa pra quebrar a monotonia da vida?
- Formidável! - disse a tartaruguinha mais nova, 12 anos depois - Vamos fazer um piqui-nique ?
Vinte e cinco anos depois as tartarugas se decidiram a realizar o pique-nique. Quarenta anos depois, tendo comprado algumas dezenas de latas de sardinha e várias dúzias de refrigerantes, elas partiram. Oitenta anos depois chegaram a um lugar mais ou menos aconselhável para um pique-nique.
-Ah - disse a tartaruguinha, 8 anos depois - excelente local este!
Sete anos depois as tartarugas tinham concordado. Quinze anos se passaram e rapidamente elas tinham arrumado tudo para o pique-nique. Mas, súbitamente, três anos, depois elas perceberam que faltava o abridor de latas para as sardinhas.
Discutiram e, ao fim de vinte anos, chegaram à conclusão de que a tartaruga menor devia ir buscar o abridor de latas.
- Está bem - concordou a tartaruguinha, três anos depois - mas só vou se vocês prometerem que não tocam em nada enquanto eu não voltar.
Dois anos depois as tartarugas concordaram imediatamente que não tocariam em nada, nem no pão nem nos doces. E a tartaruguinha partiu.
Passaram-se ciquenta anos e a tartaruguinha não apareceu. As outras continuavam esperando. Mais 17 anos e nada. Mais 8 anos e nada ainda. Afinal umas das tartarugas murmurrou:
- Ela está demorando muito. Vamos comer alguma coisa enquanto ela não vem ?
As outras descordaram rapidamente, dois anos depois.E esperaram mais 17 anos. Ai a outra tartaruga disse:
- Já estou com muita fome. Vamos comer só um pedacinho de doce que ela nem vai notar..
As outras tartarugas hesitaram um pouco, mas 15 anos depois, acharam que deviam esperar pela outra. E se passou mais um século nessa espera. Afinal a tartaruga mais velha não pôde mesmo e disse:
- Ora, vamos comer mesmo só uns docinhos enquanto ela não vem.
Como um RAIO as tartarugas cairam sobre os doces, seis meses depois. E justamente quando iam morder o doce ouviram um barulho no mato por detrás delas e a tartaruguinha mais jovem apareceu:
- Ah - murmurou - eu sabia, eu sabia que vocês não cumpririam o prometido e por isso fiquei escondida atrás da árvore. Agora eu não vou mais buscar o abridor, pronto!

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