domingo, 30 de agosto de 2009


Tenho tido muito o que falar esses dias, mas nada que pudesse ser dito em voz alta. Existem certos assuntos que fazem parte de mim, que hoje em dia são proibidos serem ditos. Coisas que não deveriam nem passar pela minha cabeça, mesmo se continuarem só nos pensamentos, coisas cruéis, erros repetidos ou até uma esperança desnecessária. Coisas que não deveriam existir.
Amanhã será um novo dia. Livre dos pensamentos de um domingo depressivo, enfim eu poderei seguir com a minha vida de antes. Tenho tido muito o que falar, mas nada que significasse alguma coisa sobre mim...são histórias dos outros que de alguma forma, me tocam.
Hoje poderei acordar e ir caminhar na praia, livre de correntes, com o pensamento solto, as vezes é bom olhar o mar. Mas eu ainda tenho medo de onde meu pensamento pode parar...
Tô concentrada, seguindo minha meta, caindo numa rotina que acaba comigo, mas que me deixa feliz quando percebo que eu posso ser um pouco mais normal, um pouco menos fria e mais determinada. Tenho muito o que falar e sentir sobre os outros, porque de mim e sobre mim, não resta mais nada.

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Não sei o que eu tenho com esse horário, mas todos os dias entre as 2:30 e 3:00 da manhã me vem uma inspiração imensurável. A madrugada é a hora dos artistas. Artistas não são pessoas comuns, nós acordamos quando as pessoas comuns vão deitar e enquanto elas dormem, nós ficamos aqui, andando ao redor da casa, tentando não morrer de agonia, tentando não se afogar com as emoções, não menosprezá-las e nem desperdiçá-las. "Não é um dom e sim um mal incurável", já dizia um antigo professor meu da USP. Eu morei em Londres um tempo, enquanto fazia minha pós em Literatura Inglesa, por lá conheci muitas pessoas interessantes...Mas como poderei dizer? Os ingleses têm uma maneira peculiar de interagir, são pessoas solitárias, que confiam apenas em si, uma vez ou outra encontrava artistas que quisessem mesmo falar sobre sua arte, sobre os livros que liam ou sobre o que estavam escrevendo, na maioria eram muito fechados, restritos ao seu próprio mundo. Foi lá em Londres, que comecei a tentar entender o que me levava a escrever, apesar de não ter encontrado a resposta por lá. Mas entendi, desde cedo, que quando eu começava a escrever eu nunca sabia sobre o que escreveria, era apenas algum impulso que meu cérebro mandava ao coração e eu obdecia, o contexto, o final, tudo era totalmente inesperado, mas nem por isso menos digno de meu respeito.
Londres foi uma grande experiência, adquiri muito conhecimento por lá e comecei a ser respeitado no mundo Literário, escrevia constantemente aos meus pais e sentia saudade de uma duzia de amigos. Uma vez ou outra sentava num pub pra tomar um uísque e pensar um pouco.
Quando voltei ao Brasil, já por volta dos meus 32 anos, a USP me mandou pra Bahia pra fazer uma pesquisa aprofundada sobre o tabalho de Jorge Amado, então eu parti para lá.
Já instalado e depois de uns meses tralhando sem parar, certo dia conheci uma baiana muito charmosa, de nome Alice. Onde já se viu? Uma baiana de nome Alice? Achei estranho de princípio, mas acabei de acostumando...
Sempre achei amar uma palavra muito forte, então por muito tempo relutei em dizer que a amava. Mas com o tempo e a intimidade, acabei me entregando a essa palavra, mas eu nunca tive certeza de meu amor por aquela mulher, mas como nunca me apareceu algo mais forte do que o laço que eu tinha por ela, acabei aceitando que a amava. Ela era doce e me cuidava com uma dedicação impecável. Tivemos dois filhos bonitos, todos muito parecidos com ela. Mesmo depois de ter terminado meu trabalho sobre Jorge Amado, continuei na Bahia, já que era a cidade que minha esposa gostava tanto. Montei um escritório e fazia consultoria de Línguas, vez ou outra a Universidade me mandava umas pesquisar a realizar. Tínhamos dinheiro no Banco, casa própria, uma vida confortável.
Eu não era homem de muitas aventuras, mas certa vez andava eu pelo Pelorinho, até que encontrei com certa baiana. Nunca liguei muito pra essas figuras do folclore da cidade, mas aquela me chamou a atenção. Ela se encontrava em frente a uma Igreja, ajoelhada e rezava muito. Fui até ela e fiquei em pé ao seu lado. Depois de uns cinco minutos, ela virou e me olhou a encarando.
- O que você procura, moço?
- Eu não sei. Só achei que deveria parar pra lher olhar. Está tudo bem?
- Sabe, os tempos não são mais os mesmo...Os orixás andam zangados com as pessoas, ninguém sabe mais viver, amar, ninguém tem mais fé..fé na vida. Como podem os homens viverem sem fé?
- Vai ver a fé levou muita porrada na cara, não pagou a conta do gás, de telefone ou a faculdade do filho.
- Não fale isso, não subestime o poder da fé e nem dos Orixás.
- Isso existe mesmo? Essa história de Orixás e tudo mais?
- Claro. Se não como você saberia que deveria ficar aqui parado me olhando? Ou como eu saberia que você quer saber de onde vem a inspiração pro seu escrever?
Naquele momento eu fiquei pasmo...
Mas era possível que ela tenha escutado uma conversa ou algo assim né? Afinal, em Salvador eu tinha alguns amigos e conversava esse tipo de coisa com eles. Mas como qualquer pessoa, eu perguntei a ela como ela sabia disso e ela me disse que apenas sabia.
Ela perguntou se eu tinha tempo, se podia sentar pra conversar agora e eu disse que tudo bem, que eu podia conversar agora. Ela me puxou pra escadaria da Igreja e ali ficamos sentados...
Tá aí uma coisa que eu sempre gostei de Salvador, essa conexão com o passado. Por um momento eu podia jurar que estava numa cena do século XVII ou XVIII!
- Pois bem...eu tenho a resposta pra sua pergunta, mas não sei se é a resposta que te faria acreditar.
- Tente me contar..
- Certa vez, eu estava no terreiro e chegou um moço. No começo eu não sabia quem ele era, mas logo fiquei sabendo que ele era uma espécie de espírita, um sensitivo. Eu sempre olhei torto pra gente que se diz sensitiva, então por um tempo mantive meu pé atrás. Um dia, eu estava na parte detrás do terreiro, em uma sala que nós usávamos pras comemorações, porém, em épocas que não haviam festas, a mãe-de-santo me deixava usar a sala pra pintar. É, eu costumava pintar uns quadros, nada que eu visse um futuro grandioso, afinal eu já tinha aceitado meu destino e estava feliz com isso, mas é que eu achava que tinha algo dentro de mim que era aprisionado e que eu precisava libertar de alguma maneira. É assim que começa a inspiração de qualquer artista: de suas agonias, de seus temores, dos seus conflitos, ou seja, a matéria-prima de nossa inspiração são as piores coisas que podem existir dentro de nós. Pórem, nós, artistas, somos capazes de transformar essas coisas terríveis em obras de arte. Pois bem, eu estava de olhos fechados quando aquele homem chegou e nem percebi sua presença... Eu peguei o pincel e comecei a pintar de uma maneira rápida, até mesmo selvagem. Foi então que ele falou comigo e disse que o espírito ao meu lado tinha raiva, muita raiva e estava passando isso para mim. Eu larguei o pincel na mesma hora e tentei entender o que ele estava me falando. Ele sorriu e disse que não era pra eu me assustar, mas que espíritos assim nunca me fariam mal, mas é que eles também precisam se expressar e nos usam como veículo pra mostrar ao mundo o que lhes acontece, já aconteceu ou acontecerá. Eu não fiquei muito assustada, afinal, eu frequento um terreiro e estou acostumada a estas linguagens, de sentir e presenciar esses fatos, que são reais, queiramos ou não. Foi assim que eu descobri de onde vem a inspiração, descobri de onde vinha a sensação de alguma coisa está me guiando, me possuindo, pra me levar direito à obra dos meus medos. E à estes agradeço e você deveria fazer o mesmo.

Depois que essa mulher falou tudo isso, me veio uma sensação fria...por alguns segundos não acreditei e continuei calado. Afinal como eu poderia acreditar que o que eu achava que era obra minha de certa forma não existia? Não era minha. Depois, raciocinando direito, fui percebendo que realmente muitas coisas se encaixavam, as sensações descritas pela baiana, o terros de achar que a inspiração foi embora. Eu sei que era uma história meio sem pé nem cabeça, mas à esse ato de acreditar sem provas, sem evidências, nós, pragmáticos, damos o nome de fé. Eu não sabia, eu não via, não tocava, mas eu sentia e acreditava que aquilo era real. Alguma coisa dentro de mim havia mudado, como se finalmente tivesse encontrado a verdade e um dia todos nós vamos passar por isso, vamos encontrar alguma verdade que nos deixe perplexos e imóveis. É como se até então eu tivesse andado pelo mundo, tivesse escrito e reescrito, mas não soubesse porquê e como a única coisa em que sempre acreditei foi na Literatura e no poder destas palavras, de repente, para mim, elas tomaram uma forma nunca antes vista.
Eu levantei da calçada com um pedaço de papel dentro do bolso e com minhas convicções mudadas, a baiana havia me dado o endereço do terreiro onde tudo havia acontecido e disse que era pra eu passar por lá, sem compromisso algum. Sinceramente, eu iria sim. E acabei indo e gostei, com o tempo acabei me tornando frequentador daquele lugar, que me dava uma paz inexplicável, uma paz de conhecimento de mundo. Se antes eu achava que isso era algo descartável, agora eu sei que nenhum homem pode viver sem a fé em alguma coisa, em alguém ou em si mesmo.

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sábado, 29 de agosto de 2009


- E o que você quer na vida além de um homem com a cueca certa?
- Eu não sei. Mas sei que não vou sossegar enquanto não encontrar o que procuro.
- O que seria?
- Alguma coisa especial. Quero algo diferente, alguma coisa a mais. Algum tipo..de amor intuitivo.
- Ou seja?
- Ou seja...sei lá. Não sei o que quero, só sei o que não quero e se não começar a me despir logo, isso vai virar uma mesa-redonda!

(filme: vicky cristina barcelona)

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Era cedo ainda quando a campainha tocou. Acordei assustado e fui na porta, quando olhei pelo olho mágico, olhei ela com o cabelo desarrumado, batom desbotado, olheiras enormes. Achei estranho, pensei logo que pudesse ter sido assaltada, ou algo assim. Abri logo a porta e ela veio correndo me abrançando. Eu perguntei o que ela tinha e ela me disse aos prantos que havia traído o namorado, que se sentia envergonhada, essas coisas de praxe. Não sabia o que fazer, se contava pra ele, disse que havia brigado com ele na noite anterior, saiu com as amigas e acabou dando nisso. Eu tentei acalmá-la, perguntei se não queria tomar um banho e ela aceitou, mostrei onde ficava o banheiro e a deixei por lá tomando banho, recuperando um pouco da vergonha.
Foi estranho sentir aquilo, mas parecia mais que eu que era o homem traído, senti raiva, chamei ela de vagabunda centenas de vezes no meu pensamento enquanto esperava ela sair do banho. Eu era apaixonado por ela já faziam dois anos e ela não sabia disso ou fingia muito bem. Namorava o meu melhor amigo e agora está tomando banho no meu banheiro, veio pedir consolo pelo desfeixo do namoro. Ela não sabia, claro..
Mas ele havia me confessado que não a amava mais, que a mantinha do lado dele por conforto, afinal, um namoro de dois anos e tudo mais. Acho isso triste..só triste. Mas muita gente é assim, em busca do conforto acaba se acomodando em uma situação dilacerante.
Essa traição agora, sem mais nem menos, só daria um motivo pra terminar uma coisa, que já estava amassada. Não me entendam mal, eu nunca quis o mal dos dois ou fiquei torcendo pra terminarem, nada disso, muito pelo contrário, sempre torci pela felicidade deles, mas do que pela minha, caso contrário não continuaria do lado deles até hoje, escutei os dois lados, tentando fazer os fazerem as pazes quando possível, aconselhando...o meu amor por ela ficou pra segundo plano, só pensava nela como amante quando dava, quando não conseguia mais evitar. Na maioria das vezes eu era obrigado a vê-la como a amiga querida, a namorada do meu melhor amigo, essas coisas.
Quando ela saiu do banheiro, estava usando uma blusa minha. Sentou na cama ao meu lado e ficou de peito pra cima olhando o teto junto comigo.
- Quero um café. Foi o que ela disse. Eu levantei, fui até a cozinha e peguei café pra nós dois.
Ao voltar pro quarto, ela já estava fumando seu Malboro e continuava deitada olhando pro teto.
Eu sentei do seu lado e ela levantou, os cabelos estavam bagunçados e ela estava com aquele cheiro que eu adorava, uma mistura de perfume com cigarro! Ficamos tomando café e esperei ela acabar de fumar, aí então ela começou a contar o que havia acontecido. Disse que havia sido uma transa sem importância, conheceu o cara na boate, as amigas incentivaram e ela acabou levando ele pro banheiro da boate e deu pra ele ali mesmo. Depois se sentiu suja, uma prostituta, quer dizer, nem isso...porque se fosse uma prostituta ao menos teriam pago ela pelos serviços prestados, mas não, ela só sentiu vergonha, muito vergonha. Trocar um namoro de dois anos por uma transa no banheiro. Falou que ligou pra ele quando estava amanhecendo e contou tudo, eles terminaram naturalmente.
- Mas o estranho é que agora, eu não me sinto tão culpada assim. Me sinto aliviada, como se tivessem tirado um fardo das minhas costas.
- Você não o amava mais.
- Claro que amava, mêo. Tava com ele há tanto tempo..
- Isso não foi uma pergunta.
Nós nunca sabemos que rumo nossas vidas podem tomar, quando perdemos as rédeas e deixamos as condutas de lado, temos a sensação de presenciar uma liberdade nunca antes sentida. Mas a verdade é que sempre esteve ali. Nós nunca sabemos o que sentimos de verdade por alguém, até um dia, darmos pra uma cara dentro de um banheiro de boate. Foi isso que ela precisou pra perceber que não o amava mais. Parece estranho, mas o amor se transformou em fardo.
Eu não falei isso pra ela, claro. Ela ficou calada por alguns segundos e tenho certeza, pela cara que fez, que era isso que ela estava percebendo.
- Não há mal nisso né?
- Dar pra um desconhecido no banheiro?
- Não. Tô falando, de não amar mais ele?
- Isso acontece...
- Hum.
Ela levantou e disse que precisava ir embora. No meio do caminho foi tirando logo minha blusa e eu fingi não estar olhando pra sua bunda. Colocou o vestido usado, apareceu na minha frente e me deu um beijo no rosto e agradeceu por tudo. Foi sozinha mesmo pra porta, eu fiquei na cama...e vi que ela havia esquecido os cigarros, eu não era muito de fumar, mas achei que aquela ocasião pedia um cigarro. Fiquei deitado olhando pro teto fumando, escutando o barulho dos carros. Estava quase pegando no sono, quando a campainha tocou de novo e eu fui lá atender, nem olhei pelo olho-mágico. Quando abri vi ela parada na minha frente, estava ofegante, paralisada , eu perguntei se tinha acontecido mais alguma coisa. E ela disse que sim.
- O que aconteceu?
- Eu sei que você vai achar estranho...Mas eu te amo.
- Desde quando?
- Desde agora.





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sábado, 8 de agosto de 2009


querido,
tenho que te dizer e vou ser logo breve:
amanhã vou estar em algum lugar ao longe..
com os meus sonhos quebrados dentro do bolso, algum lugar onde as estrelas possam brilhar mais..é. porque a vista de longe é mais agradável. nós somos já uma obra de arte antiga, de longe é linda, perfeita, mas quando se chega perto, dá pra ver as rachaduras, as imperfeições.
e eu não sobreviveria com nossas imperfeições. então prefiro me manter longe e um dia olhar pra trás e pensar que estive tão perto da perfeição, uma vez.
eu não vou estar aqui e não sei como você se virará sem mim..
eu me manterei forte, pra mim saudade é só questão de ocupação.
ah, mas deixa disso..
pegue um martini, sente-se na sua poltrona favorita e sinta-se à vontade!
porque eu me sinto confortável nessa situação.



(ANTES)
foi uma noite memorável..
a primeira vez que peguei meu carro e saí pra dar uma volta na cidade. acendi meu cigarro e saí por ai, fui na praia e estacionei o carro. era uma noite quente de segunda-feira, noite de lua minguante, de céu aberto. eu estava ali sozinha, apreciando a vista, só ouvia o barulho do fogo queimando meu cigarro, pensamento vazio.
até que fechei os olhos.. que grande erro!
nunca feche os olhos assim numa segunda-feira de noite quente;
tá, confesso que pensei em nós dois por uns 10 segundos, mas foi o suficiente.
desde que você partiu a uns 5 anos atrás eu não me permito mais fazer isso. não que não tenhamos tido momentos importantes, palavras bonitas..mas é que quando eu penso, alguma coisa dentro de mim estala e fica doendo.
você não está mais aqui, sempre me lembro disso quando o pensamento fica um pouco saliente.
se não está aqui, como posso sentir o frescor de um calor que não existe?
no primeiro ano de sua partida eu era uma estranha pra todos os meus conhecidos. todos me perguntando se eu estava bem, se eu queria conversar a respeito..
mas a verdade, é que o bilhete que você deixou sobre a cama antes de ir, sempre estava guardado no bolso da calça que eu usava. a única explicação que tive durante esses CINCO anos.
eu chorei pra mim mesma, não fiz um barulho sequer, não gritei, não fiquei incorformada, não fui atrás de você, não liguei; guardei tudo pra mim e tentei manter o pensamento longe..até de mim mesma, as vezes.
depois do primeiro ano resolvi mudar, resolvi seguir em frente e acredite..eu consegui. mas quando estou sozinha, quando meu namorando não dorme aqui em casa ou numa pausa do trabalho, ou mesmo em noites quentes como essa..ah, meu pensamento ainda teima em perguntar aonde você está. Aonde?


eu fui embora sem dizer adeus. te deixei dormindo, estava com uma cara feliz, acho que estava tendo um sonho agradável...
deixei um bilhete em cima da cama, pedi desculpas, mas precisava ir embora agora, antes que teu amor tomasse conta de mim. como pude?
enquanto todos estão procurando amor pelas ruas, eu tinha o meu deitada ao meu lado e fui embora assim. por medo de amar demais.
não me arrependo. era jovem e achava que precisava viver, experimentar as emoções da vida..mas esqueci que viver também conjuga o verbo amar.
viajei por vários lugares, índia, china, estados unidos, londres..um dia, estava em buenos aires em um bar quando começou a tocar nossa música: "I can't do the talks, like they talk on the TV. And I can't do a love song, like the way it's meant to be. I can't do everything, but I'll do anything for you.I can't do anything 'cept be in love with you. And all I do is miss you and the way we used to be; all I do is keep the beat, and bad company and all I do is kiss you, through the bars of a rhyme. Juliet I'd do the stars with you, anytime."
seria hipocrisia de minha parte dizer que não deixei de pensar em você, porque eu deixei. eu deixei você de lado ao ir embora da nossa casa, ao bater a porta eu prometi pra mim que tinha encerrado esse capítulo. que tolice a minha..acha que eu poderia esquecer quem só me deu amor, quem dedicou a vida à mim. que tolice...mas eu era jovem demais pra amar de verdade. eu vivi, estive com outras mulheres, me apaixonei algumas vezes e tive esperança de estar no caminho certo. até esta noite..
quando tocou nossa música, lembrei de você e me veio um calor..um calor que vinha de dentro e se espalhava por todo o meu corpo..e então eu lembrei que esse calor se chamava amor, que era assim que eu me sentia quando lembrava de você ao longo do dia. eu disse que te amaria até eu morrer, mas acredite, que só foi o tempo que errou conosco. eu estive fora por muito tempo, mas achei que agora seria a hora de voltar..
arrumei as malas e lavei a cara.
peguei o primeiro vôo pro Rio de Janeiro.
ao chegar liguei pros nossos amigos em comum e descobri onde você estava morando e fui até lá. coloquei a melhor roupa, me perfumei, não preparei nenhuma explicação.
quando estava na sua porta pensei em desistir, afinal você poderia estar com algum namorado, uma visita, alguém da família, ou mesmo, só ocupada.
mas respirei fundo..
tirei uma coragem que nem eu mesma sabia que tinha e bati na porta.
você atendeu...e estava linda. não mudou nada, os mesmo olhos, rosto corado, cabelo liso só que agora um pouco mais curto, está bronzeada de praia. linda!
"desculpa" foi a única coisa que eu pude dizer. e silêncio.
você olhava pra baixo e quando levantou os olhos apenas uma lágrima caiu e então disse: "eu pensei que você nunca fosse voltar pra me buscar". me abraçou e eu te levei pra dentro, na minha cabeça estava tocando nossa música e minhas mãos percorriam todo o seu corpo. foi então que percebi, que mesmo tendo estado em lugares incríveis, bom mesmo é voltar pra casa. e foi assim que aconteceu...uma noite memorável!
e eu sabia que não nos separaríamos.

(DIA SEGUINTE)
querido,
tenho que te dizer e vou ser logo breve:
quando acordar, eu não vou mais estar aqui.
vou estar em algum lugar ao longe..
com os meus sonhos quebrados dentro do bolso, algum lugar onde as estrelas possam brilhar mais..é. porque a vista de longe é mais agradável. nós somos já uma obra de arte antiga, de longe é linda, perfeita, mas quando se chega perto, dá pra ver as rachaduras, as imperfeições.
e eu não sobreviveria com nossas imperfeições. então prefiro me manter longe e um dia olhar pra trás e pensar que estive tão perto da perfeição, uma vez.
eu não vou estar aqui e não sei como você se virará sem mim..
eu me manterei forte, pra mim saudade é só questão de ocupação.
ah, mas deixa disso..
pegue um martini, sente-se na sua poltrona favorita e sinta-se à vontade!
porque eu me sinto confortável nessa situação.
Adeus.

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domingo, 2 de agosto de 2009



passado o passado acho que eu mesma esqueci o tom
me faltou o ar.
me despeço dessa história e concluo: a gente segue a direção que o nosso próprio coração mandar
e foi pra lá...


(assinado eu - tiê).



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