domingo, 27 de julho de 2008


amor é mentira, é prazer de quem sonha, é poesia de cego.
agora que eu já posso ver, você mudou de mundo. no céu que eu te via não tem mais cor..
o azul que o teu olho um dia abrigou, fugiu, ficou de noite,
de noite sem lua,
de dança sem par,
de café sem açúcar.
amor é ilusão que a vida inventa só pra distrair.


( primeira versão de "o nosso amor a gente inventa- cazuza" )

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quarta-feira, 23 de julho de 2008


sorte daquele que se vê sozinho, feliz e pobre na sua essência.
voltamos ao depois, se contentando com o antes.
estávamos por ai..se encontrando, andando de mãos dadas, fingindo que nada aconteceu, tentando entender, se abraçando sem querer.
não sentia remorso.
não calava..falava e quem muito fala, sente pouco.

-

hoje eu acordei.
eu acordei e me espreguicei
e o passado pareceu ir embora junto com aquela preguiça; eu levantei e minha consciência parecia não doer, as mágoas nem faziam mais diferença.
"que diferença faz perceber agora? ..essas coisas acontecem mesmo."
eu senti o piso frio nos meus pés, são 5:21 da manhã, alguém me acordou. e me acordou de verdade.
quando não é mais você que me faz cantar. agora por favor, tenha alguma piedade e leve toda a sua amargura pra lá, que hoje eu vou pro meu lugar.
sobrou um vazio e uma cicatriz, eu sei.
mas para vazios existem sorrisos e para cicatrizes, remédios.

-

hoje eu tive um sonho ruim.
sonhei com alguém me zombando ao telefone
rindo da minha graça de ficar aqui esperando
e gritava alto "eu te amo, eu te amo"
ria, ria..
..e eu acordei chorando.

-

hoje eu acordei e tava frio..
frio de tudo, frio do mundo, frio de mim.
não queria ver ninguém, não tinha fome, nem vontade.
e queria voar pra algum lugar, bem longe daqui.
eu tava fria de mentiras, desse sarcasmo gratuíto, do seu amar me odiando.
escutei um som bem longe..
o som leva embora o que há por dentro, pra alma sobra calor e vento.

-

hoje eu acordei.
...
eu acordei, hoje.




quem sabe um dia meu tempo esteja de acordo com o teu.

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quinta-feira, 10 de julho de 2008


O AMOR, quando se revela, não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela, mas não lhe sabe falar. Quem quer dizer o que sente não sabe o que há-de dizer. Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse, se pudesse ouvir o olhar e se um olhar lhe bastasse p'ra saber que a estão a amar! Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente fica sem alma nem fala, fica só, inteiramente! Mas se isto puder contar-lhe, o que não lhe ouso contar, já não terei que falar-lhe porque lhe estou a falar... (Fernando Pessoa)

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pensamentos dos dias

sexta-feira, 4 de julho de 2008


tudo é estranho. à medida que se fica mais velho as coisas vão ficando assim. há alguns anos atrás eu era bem diferente..tinha cabelo vermelho, fazia o que eu quisesse, ou ao menos gostava de acreditar nisso, e carregava o mal de qualquer pessoa jovem demais: a loucura.
a julgar pelos meus atos, hoje, olhando de longe aquela pessoa que eu era, olhando de longe toda aquela euforia, digo que aquela não era eu, ou ao menos eu não me reconheço mais; quando tudo daquela época me parece apressado demais, vivido demais, exagerado demais, amado demais.
mas foram coisas extremamente necessárias. ao longo de nossas vidas, poucas são as vezes em que olhamos para trás e não nos estranhamos ao lembrarmos de certos atos, quando a velocidade de pensamentos e sentimentos não entram no ritmo dos nossos atos. há pessoas que buscam imortalidade ou coisa do tipo, eu não. pra quê ser imortal, se eu passaria a vida a me sentir estranha de mim? pois mesmo quando eu escrevo quem eu sou, o que eu sou, como eu sou, no minuto seguinte, eu já deixei de ser, o que foi escrito já não me faz sentido, de tão grande que é minha inconstância.

as vezes tenho ataques: dos de cabeça, buzina, carros, gritos escutados 10 vezes mais altos do que realmente são, cabeça explodindo, sou invadida por uma agonia profunda.já tive isso no trânsito, no colégio. vontade de sair correndo, mas a agonia que eu sinto me amarra onde quer que eu esteja e a cabeça continua doendo. talvez agora a agonia que eu sempre senti dentro de mim, esteja me gritando fisicamente agora.

há dias venho tentando escrever alguma coisa, sobre qualquer coisa, até sobre a falta do que falar que por ser tanta, acho que é a coisa mais importante que tenho a dizer nesse momento. e eu não tenho nada a dizer, fico apenas parada, entendendo.
ontem estava lendo um livro e veio uma frase que se encaixa em tudo que eu queria dizer, mas não conseguia: meu equilíbrio é tão frágil que preciso de um excesso de segurança pra me sentir mais ou menos segura. ( clarice lispector )
essa frase passou dias na minha cabeça. e é isso.. toda vez que eu me sinto segura, eu jogo tudo fora, buscar segurança em outro lugar. e o que me prende a uma pessoa é a insegurança, que motiva a minha vontade de chegar a um nível de segurança que me enjoe, e eu vá embora vitoriosa por ter alcançado o meu objetivo.
sarcasmo.

tudo é estranho (ainda).
estou sentada e daqui dessa sala quando olho pra janela tudo parece tempestade, parece que tem um tornado que vai devastar tudo lá fora. mas as árvores que vejo são fortes e permanecem no seu lugar (sempre admirei a coragem das árvores, tudo acontece com elas, desde o tornado querendo arrancá-las, até um cachorro que faz xixi no seu tronco, mas elas continua lá e quase ninguém repara, mas elas não esperam reconhcimento pelo seu trabalho) e existem nuvens claras ao longe para lembrar que depois da tempestade há o céu limpo, o momento de calmaria.
(me dê um remédio antimonotonia?)
o celular toca e me ligam contando a vida lá fora. é sempre a mesma pessoa que me liga contando sempre as mesmas coisas, as mesmas aventuras sem fim, mas ainda me sinto segura aqui dentro. talvez de tanto insistir, eu largue tudo, e vá lá fora, entrar no tornado, viver essa loucura intensiva.
o destino é nos estranharmos. estranharmos a nós mesmos para nos questionarmos, estranharmos uns aos outros para encontrarmos respostas. a velhice, a morte são um sentido pleno de estranheza, onde a velhice se esquece coisas, não se reconhece no espelho, e isso é estranhar a si próprio. e talvez a morte seja o sentido pleno da estranheza.

e eu não quero saber como é ser normal.

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