sábado, 31 de maio de 2008


Caro João,

os tempos por aqui andam meio difícieis. talvez nem tanto, mas andam tão confusos que nem sei me dicidir se são bons ou tristes. mas estão indo.
tenho sentido uma nostalgia profunda..
por todos os meus amores perdidos. nos meus sonhos eles me chamam, quando acordo eles me perseguem, são como sombras. pra um lado e pro outro o tempo todo, a gente repetindo a mesma dança. tu me conheces, sabe que sou levada por impulsos fortes..primeiro eles vem em forma de pensamento, quando levanto lá estou eu pensando nisso, pensando naquilo, durante o dia nas horas mais impróprias me pego pensando sobre isso, de noite é o último pensamento. mas o que é isso? e se eu escolher aquilo? ontem a noite fui jantar e nem sequer consegui decidir entre carne ou camarão. e acabei nem comendo.
o segundo passo dos impulsos são os surtos. eles são difícieis de controlar; estou em um lugar e vem aquela multidão de palavras querendo sair da minha boca e com toda a força os engulo de volta.
Mas elas são teimosas. Quantas vezes já não me peguei dizendo o que eu queria? Consequentemente fazendo o que não queria. O terceiro passo é a loucura. Tudo te consome. E não se aguenta mais aquele peso de palavras . Ai vem a decisão tardia de ser consumido por elas ou expulsá-las de você.
Pra onde eu quero chegar com isso?
Bem João, o fato é que sempre me deixei levar por esses impulsos, pior, SEMPRE me deixei consumir por eles.
Só que agora é diferente, por causa dessa minha nostalgia, do meu cansaço de errar, esse passado me rondando em qualquer lugar, eu não quero mais tomar a decisão precipitada. Não dessa vez.
Ah João, eu não iria aguentar ficar pelo caminho, jogada em um canto.
Tudo bem que aquela flor murchou, mas ela ainda não desapareceu. E é verdade que quando acordo e ela está lá com sua arrogância, me desafiando, uma flor rosa, bonita, ao meu lado; pior é quando ela resolver viver dentro de mim. Eu escuto chamados, mas cabe a mim seguí-los ou não..
Sigo ou não sigo?
Ah, meu amigo, pra resolver os problemas da minha cabeça só arrancando meu coração. Que bate repetidas vezes no mesmo lugar e nenhum coração aguenta viver sozinho.
Te escrevo não à procura de uma resposta, escrevo por escrever; mas peço encarecidamente que não vá embora. Fique, fique comigo no meio da minha confusão, pois é agora que eu mais preciso, pois não sinto necessidade de mais risadas e momentos felizes, que não maioria das vezes nem lembro mais, mas se tu queres te fazer presente, fique comigo agora nessa chuva de meteoros. Saiba que tem outro que me chama todos os dias e vem em forma de doces promessas. E são falsas. E mesmo muitas vezes sendo cega, surda, muda, te peço que fique. Pois assim não sinto que estou prestes a entrar em pânico dentro de mim, essa agonia que se faz tão presente se acalma com tua presença e só você consegue essa calmaria.
Claro que queria respostas.
Quem dera elas viessem prontas..
'Por favor, me dê 10 kg de respostas e pra levar'
Mas não.
Talvez em busca de respostas, hoje eu fui na praia e falei com meu orixá e ele disse pra eu ter fé, porque todos amor retorna a sua casa.
E por medo de errar, eu coloquei minha mente e meu coração nas mãos do orixá que me rege, na esperança de que ele me traga o que for melhor, que suas ondas do mar ao tocarem os meus olhos faça retorna a minha visão, não só a visão, mas todos os meus sentidos que me foram tomados. E assim eu veja na minha frente a resposta.
Ah João, talvez por eu nunca ter conseguido alguém acreditar em mneus sentimentos, talvez seja por isso que eu valorizo tanto essas palavras, elas são o único instrumento ao alcance de minhas mãos que tenho para te fazer acreditar.
Sei que essa carta pode soar um pouco desesperadora: essa busca de respostas, aquele que aparece e desaparece, eu falando de meias verdades..
mas na verdade é assim que eu tenho estado todo esse tempo: em estado de alerta.
E escrevo pra você mais na esperança de que alguma´palavra tua me cure João, me traga conforto em forma de versos. E que mais uma vez, não vá embora, mas que fique desta vez sem tempo de partida.

Postado por d. @ 0 comments