sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010


Sid e Nancy passavam juntos a maior parte do tempo. Sid batia em Nancy porque ela não sabia cozinhar. Nancy xingava Sid porque o encontrava transando com meninas. Às vezes alugavam um quarto imundo e ficavam dias trancados sem trocar um beijo. O encarregado do motel se perguntava que tipo de coisa os Smith tomavam para resistir tanto. A vontade de abraçar Nancy enlouquecia Sid, mas ele não dava o braço a torcer, sabia que ela estava sofrendo, via formar-se aquele ricto de dor no rosto dela, isso era mais prazeroso para Sid do que o desejo, eram gotas de ácido nos nervos, o sabor da morte. Nancy não se atrevia a romper a parede invisível, ficava muito quieta sem tirar os olhos de Sid, lutando contra o sono. Sabia que Sid estava louco e não podia lhe dar uma chance, atrás daqueles olhos serenos os demônios estavam fazendo uma festa e ela não queria ser o bolo. Quando chegava ao limite de sua resistência, Sid deslizava como um marine em manobras de combate e ia para cima dela com toda a sua ânsia. Nancy se defendia e ele soltava uma gargalhada selvagem. Sid injetava Nancy, dava banho nela e limpava a sua bunda. Usavam a mesma agulha, a mesma escova de dentes, o mesmo perfume. Sid detestava sentir-se vulnerável e Nancy lhe causava essa sensação. Nancy nunca pensava no seu amor por Sid, não opunha resistência, deixava-se inundar por aquele brusco sentimento, sentia-se à vontade naquela substância. Sid pensava em matar Nancy , imaginava mil formas diferentes, para ele, não havia outra saída. Nancy tratava Sid como se fosse um escolar assustado. Nancy sabia que Sid ia matá-la mais cedo ou mais tarde, porém preferia pensar em outras coisas.

Livro: Era uma vez o amor mas tive que matá-lo

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